O que é a Paralisia cerebral?
A encefalopatia crônica não evolutiva (ECNE), mais conhecida como paralisia cerebral (PC), é uma condição neurológica crônica que afeta o controle motor, os movimentos e a coordenação muscular, podendo também interferir na função sensorial e cognitiva. Essa condição acontece devido a lesões ou danos no cérebro que podem ocorrer antes, durante ou após o nascimento, afetando áreas importantes.
É uma das condições mais comuns relacionadas à deficiência na infância, afetando a habilidade do cérebro de controlar os músculos e os movimentos corporais. Embora a paralisia cerebral seja uma condição permanente, seus sintomas podem variar significativamente de pessoa para pessoa.
Vale ainda ressaltar, que a Paralisia Cerebral não é doença e que a lesão que ocorre no cérebro não é progressiva, e por isso não piora com o tempo.
Quais as causas da paralisia cerebral?
As causas da Paralisia Cerebral podem variar e incluem fatores como problemas durante a gestação, complicações no parto ou lesões adquiridas nos primeiros anos de vida ou após acidentes com lesões no cérebro. Essas lesões interferem nas funções sensoriais, cognitivas e na comunicação entre o cérebro e os músculos, levando a dificuldades no controle dos movimentos.
Embora muitas vezes as causas exatas não sejam sempre claras, alguns fatores de risco podem estar envolvidos. Estes incluem:
1 – Lesões cerebrais pré-natais: como infecções maternas durante a gravidez; exposição a substâncias tóxicas como drogas, tabagismo e álcool; alterações cardiocirculatórias maternas; falta de oxigênio no cérebro do feto ou anomalias no desenvolvimento cerebral.
2 – Lesões cerebrais durante o parto: como Anóxia, falta de oxigênio durante o nascimento, trauma físico ou complicações durante o parto.
3 – Lesões cerebrais pós-natais: como infecções cerebrais graves, traumatismos cranianos ou condições médicas como icterícia grave, meningite, convulsões, hidrocefalia.
4 – Traumatismos cranianos: como acidentes que envolvem impactos na cabeça podem resultar em
lesões cerebrais significativas.
É importante observar que a paralisia cerebral não é uma doença hereditária, ou seja, não é transmitida geneticamente de pais para filhos.
Quais os tipos de paralisia cerebral?
Existem diferentes tipos de paralisia cerebral, que são classificados de acordo com os principais sintomas e áreas do corpo afetadas. Os principais tipos são:
1 – Paralisia cerebral espástica: É o tipo mais comum de paralisia cerebral, afetando cerca de 70-80% dos casos. Caracteriza-se pela rigidez muscular e pela dificuldade em controlar os movimentos. Os músculos afetados tendem a ser rígidos e contraídos, causando movimentos descoordenados e, em alguns casos, espasmos.
2 – Paralisia cerebral discinética ou distônica: É caracterizada por movimentos involuntários e anormais dos músculos. As pessoas com esse tipo de paralisia cerebral podem apresentar movimentos lentos e contorcidos ou movimentos rápidos e descontrolados, tornando difícil manter uma postura estável.
3 – Paralisia cerebral atáxica: É menos comum e afeta o equilíbrio e a coordenação muscular. As pessoas com paralisia cerebral atáxica podem ter dificuldade em realizar movimentos precisos e podem apresentar tremores ao tentar executar tarefas que exigem controle fino dos músculos.
Existem ainda subtipos menos comuns de paralisia cerebral, como a paralisia cerebral mista, que envolve a combinação de sintomas de diferentes tipos.
É importante destacar que a paralisia cerebral pode variar em termos de gravidade, desde formas mais leves, em que os movimentos podem ser apenas levemente afetados, até formas mais graves, em que a pessoa pode ter dificuldades significativas de locomoção e realizar tarefas básicas do dia .
Como são classificados o grau de Paralisia Cerebral?
Uma ferramenta essencial para compreender a Paralisia Cerebral é a Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), que agrupa as crianças de acordo com suas habilidades motoras. Essa classificação é valiosa para antecipar o desenvolvimento de cada criança e definir abordagens de tratamento apropriadas.
Nível I: Independência na Marcha
Crianças no Nível I conseguem caminhar sem restrições. Elas têm habilidades motoras que lhes permitem se movimentar sem auxílio, possibilitando uma independência maior nas atividades diárias.
Nível II: Desafios na Mobilidade
No Nível II, as crianças podem caminhar, mas enfrentam algumas dificuldades ao correr, pular, andar em terrenos irregulares e subir escadas sem apoio. Embora haja desafios, elas conseguem se movimentar com certa autonomia.
Nível III: Apoio na Locomoção
As crianças do Nível III necessitam de suporte para caminhar, como muletas ou andador. Para percorrer distâncias maiores, uma cadeira de rodas pode ser necessária, garantindo uma maior mobilidade.
Nível IV: Dependência da Cadeira de Rodas
No Nível IV, a independência na locomoção é limitada. As crianças podem não conseguir ficar de pé ou andar sem ajuda, mesmo em curtas distâncias. O uso de cadeira de rodas é o principal meio de locomoção, e em alguns casos, cadeiras motorizadas podem ser usadas com independência.
Nível V: Dependência Total
Crianças no Nível V não possuem controle adequado do tronco e dependem integralmente dos cuidadores para suas atividades diárias. A mobilidade é limitada, e a dependência é mais acentuada.
Compreender esses níveis de classificação é fundamental para direcionar abordagens de tratamento específicas para cada criança. Cada criança é única e merece um plano de cuidados personalizado para promover a independência, melhorar a qualidade de vida e oferecer as melhores oportunidades de desenvolvimento.
Quais os sinais de Paralisia Cerebral? O que observar?
A suspeita de Paralisia Cerebral geralmente surge nos primeiros estágios de vida, quando se percebe atrasos nos marcos do desenvolvimento infantil, como rolar, sentar e andar. Além disso, a observação de sinais como as diferenças nos movimentos dos membros ou de partes do corpo pode levantar indícios importantes.
Quais os sintomas da Paralisia Cerebral?
Crianças que enfrentam a Paralisia Cerebral frequentemente apresentam uma série de sintomas que podem variar em intensidade e abrangência. Além da rigidez muscular e dificuldade em controlar os movimentos, há outras manifestações que podem estar presentes:
1. Espasticidade: A espasticidade é uma característica marcante da Paralisia Cerebral. Os músculos podem ficar rígidos e tensos, dificultando os movimentos suaves e coordenados.
2. Movimentos Involuntários: Além da rigidez, crianças com Paralisia Cerebral podem apresentar movimentos involuntários e não controlados. Esses movimentos podem ser lentos e desajeitados.
3. Dificuldade de Coordenação: A coordenação motora pode ser comprometida, tornando atividades como segurar objetos, vestir-se ou alimentar-se um desafio.
4. Atrasos no Desenvolvimento Motor: A Paralisia Cerebral frequentemente resulta em atrasos no desenvolvimento motor, como o não alcance de marcos como rolar, sentar e caminhar nos prazos esperados.
5. Problemas de Postura: Crianças com Paralisia Cerebral podem ter dificuldades em manter uma postura adequada ao sentar ou em pé, o que pode afetar o equilíbrio.
6. Dificuldades na Fala e na Alimentação: Problemas na musculatura da boca e garganta podem levar a dificuldades na fala e na mastigação, resultando em alimentação comprometida.
7. Variações Sensoriais: Algumas crianças podem apresentar sensibilidade alterada em relação a estímulos como toque, luz e som.
8. Comprometimento Intelectual: Dependendo da área do cérebro afetada, pode haver um comprometimento intelectual, afetando o aprendizado e o desenvolvimento
cognitivo.
Paralisia Cerebral tem tratamento? Quais os tratamentos e possibilidades?
Embora a Paralisia Cerebral seja uma condição permanente, a abordagem multidisciplinar pode melhorar significativamente a qualidade de vida dessa pessoa. O tratamento é abrangente e envolve diversas disciplinas como:
Fisioterapia: A fisioterapia é uma das disciplinas mais comuns no tratamento da Paralisia Cerebral. Ela foca no desenvolvimento de habilidades motoras, melhoria do equilíbrio e da coordenação, além de prevenir contraturas musculares.
Fonoaudiologia: A fonoaudiologia trabalha a comunicação oral e não oral, como a linguagem gestual. Também ajuda a melhorar a deglutição, a mastigação e é responsável por diagnosticar a disfagia, evitando problemas de saúde associados.
Tratamento Médico: Dependendo das necessidades individuais, tratamentos médicos, como medicamentos para controlar a espasticidade e as crises de epilepsia, podem ser prescritos para melhorar o conforto e a qualidade de vida.
Tratamento Nutricional: O tratamento nutricional é um dos mais importantes no tratamento de pessoas com Paralisia Cerebral. Ele desempenha um papel central nesse processo de tratamento, proporcionando as condições essenciais para o desenvolvimento de todas as atividades, para a saúde e o bem-estar geral de uma pessoa com Paralisia Cerebral ou alterações neuromotoras.
Leia mais Tratamento Nutricional
A Importância do Tratamento Nutricional na Paralisia Cerebral
Promoção do Crescimento e Desenvolvimento: A Paralisia Cerebral pode afetar o crescimento e o desenvolvimento. Um acompanhamento nutricional adequado ajuda a garantir a ingestão de nutrientes essenciais para suportar o crescimento ósseo, muscular e cognitivo.
Controle da Espasticidade: A nutrição pode desempenhar um papel na redução da espasticidade, que é um aumento excessivo do tônus muscular. Alguns nutrientes podem ter propriedades anti inflamatórias e relaxantes musculares.
Suporte Imunológico: Pessoas com Paralisia Cerebral podem ser mais suscetíveis a infecções. Uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes fortalece o sistema imunológico, protegendo contra doenças.
Prevenção de Complicações: A nutrição pode ajudar a prevenir complicações secundárias, como osteoporose e constipação intestinal, comuns em pessoas com Paralisia Cerebral.
Independentemente da causa, lesões cerebrais podem ter efeitos profundos nas funções neuromotoras e cognitivas das pessoas. É essencial buscar o diagnóstico e tratamentos precoces, e trabalhar com uma equipe multidisciplinar que inclui nutricionistas, médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e especialistas, todas trabalhando juntas para maximizar o potencial de cada indivíduo.
O tratamento nutricional desempenha um papel central nesse processo, proporcionando os elementos essenciais para o desenvolvimento, saúde e o bem-estar geral.